Raízes gnósticas do ego animal

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Chegou a hora de compreender qual é o caminho que nos conduzirá à liberação final. Antes, é conveniente que conheçamos profundamente a nós mesmos. Sem dúvida, faz-se cada vez mais indispensável a autoexploração íntima do Si Mesmo, do Eu Mesmo. Se nós, sinceramente, nos autoexploramos, podemos chegar à conclusão lógica do que somos, e até agora somos somente simples “animais intelectuais” condenados à pena de viver.

Nós nos gabamos com o título de “homem”. Além disso dizem que o homem é o rei da criação, mas vamos ver o que somos: quem de vocês poderia dizer que é o rei da criação? Para qual de vocês a natureza lhes obedece? Estão seguros de poderem mandar nos 4 Elementos (Fogo, Água, Ar e Terra)? São, acaso, administradores da ordem universal?

Nietzsche, em sua obra intitulada Assim falava Zaratustra, destaca a ideia do Super-Homem. Lembrando a frase de Nietzsche: “O homem está para o Super-Homem assim como o animal está para o homem. É uma vergonha dolorosa, um sarcasmo e nada mais”.

Mas, por acaso, Nietzsche era Super-Homem? É certo que o Super-Homem de Nietzsche serviu para o embasamento místico da Alemanha nazista na Segundo Guerra Mundial. Vejam vocês quão equivocado estava Nietzsche; se não existe o homem, muito menos então o Super-Homem.

Realmente, a única coisa que existe atualmente não é o homem, mas sim, um mamífero intelectual equivocadamente chamado homem. Creio que o título de homem é um chapéu muito grande para nós, se não podemos governar a nós mesmos muito menos podemos governar a natureza.

Se o homem não é o rei de si mesmo, então é rei do quê? Poderia, por acaso, ser o rei da natureza? Então, concluindo, dizemos que o que existe atualmente é o mamífero intelectual equivocadamente chamado homem. Se olharmos para dentro de nós mesmos, o que descobriremos? Órgãos!

Sim, eles formam o organismo humano, mais atrás de todo esse organismo, o que existe? O Lingam Sarira, dizem os hindus, isto é certo. Mas o que é o Lingam Sarira? Podemos dizer que é o corpo vital, o assento de todos os nossos fenômenos fisiológicos, biológicos, químicos etc.

Porém, além do desse corpo vital, o que existe é o Ego, o Eu… Mas o que é o Ego? Poderemos dizer que o Ego em resumo é a soma de todos os agregados psicológicos da Ira, Cobiça, Luxúria, Avareza, Preguiça, Orgulho, Gula e muitos outros mais. Certamente, ainda que tivéssemos mil línguas para falar, não conseguiríamos enumerar todos os defeitos que levamos dentro.

Então, todos os egos têm várias personificações; os agregados psicológicos possuem figuras animalescas. Assim, pois, meus caros irmãos, chegou a hora de refletir sobre tudo isso.

Mas, além da morte, o que existe? O que continua depois da morte? O Ego, por acaso, é o Ego-beleza? Não, eu já lhes disse que o que continua é a soma dos agregados psíquicos, e, dentro desses agregados está presa a Consciência, a Essência; em linguagem alquimista diríamos: O Sal Incorpóreo, não inflamável e perfeito.

Ela é a diretriz de toda a nossa psique, o fator básico, para falar mais claro, ela está presa, está embutida entre essas figuras animalescas do Ego que possuímos em nosso interior. Assim presa, é claro que ela, em virtude dos nossos próprios condicionamentos, ela dorme profundamente… Quero que vocês compreendam, meus caros irmãos, que entendam profundamente o que é o Ego. Quero que vejam qual é a sua origem. Quero também que dissolvam radicalmente o Ego.

Ouçam-me: no amanhecer da vida, além da época do antigo continente Mu, situado no Oceano Pacífico, os animais intelectuais receberam o Abominável Órgão Kundartiguador. Muito se tem falado da Kundalini, mas pouquíssimo se tem falado do seu contrário, o Abominável Órgão Kundartiguador.

É claro que naquela época a capa geológica do mundo era permanentemente instável. Incessantes terremotos com terríveis maremotos convulsionavam todo o nosso planeta. Foi então quando certo indivíduo sagrado, acompanhado por uma altíssima comissão, veio à Terra em uma nave cósmica.

Depois de muito estudo, aquela comitiva sacra resolveu dar à humanidade o referido órgão para resolver os problemas dos cataclismos.

Vocês me perguntarão o que tem a ver essa questão com os cataclismos da Terra, com o Órgão Kundartiguador e com o organismo humano. Eu responderei, meus queridos irmãos: Muito!

O corpo humano é uma máquina extraordinária que capta as energias que vêm do Megalocosmo, do Cosmo Infinito, e que as transforma maravilhosamente, repassando-as, automaticamente, ao interior do organismo terrestre, às capas geológicas inferiores da Terra.

Saibam que a humanidade é um órgão deste planeta Terra, um órgão da natureza; a humanidade capta e transforma as energias vindas do Cosmo Infinito e as dirige ao centro da Terra. Qualquer alteração na máquina humana produz modificações substanciais de energias, e assim, através do Órgão Kundartiguador, conseguiu-se a estabilidade da capa geológica da Terra. Então houve uma época em que a humanidade possuía um rabo? Sim!

Mas isso não quer dizer que nós viemos dos macacos. Não, ao contrário, eles vieram de nós, são degenerações da espécie humana, resultado da mistura do animal intelectual com algumas bestas da Natureza.

Assim é que muito tempo se passou e outra altíssima comissão sagrada resolveu tirar da humanidade o Abominável Órgão Kundartiguador, pois a capa geológica da Terra já estava estabilizada. Mas quando tiraram de nós aquele órgão, acomodaram-se nos cinco cilindros da nossa máquina orgânica as suas más consequências.

Esses cilindros são: o centro intelectual, o emocional, o motor, ou do movimento, o instintivo e o quinto, o sexual. Acumuladas, em nós, as más consequências do Abominável Órgão Kundartiguador, dentro dos cinco cilindros da máquina humana, formou-se em nosso interior uma natureza terrivelmente bestial. Dentre outras consequências desse Abominável Órgão Kundartiguador, formou-se em nós o Eu Mesmo, o Ego, o Eu. É claro que a Consciência, ou seja, a Essência primogênita, caiu, diríamos, presa dentro dessa segunda natureza inumana.

Desde então, vivemos com duas naturezas, uma externa que temos e outra a interna, das abominações. E o que fazer? Como fazer para sair dessa enrascada?

Desgraçadamente, conforme o tempo foi passando, a Consciência presa ali foi adormecendo pouco a pouco e os poderes com os quais podíamos manejar o fogo que arde, o furacão que ruge, as água puríssima da vida universal e a perfumada terra, se perderam.

Quando não tínhamos o Abominável Órgão Kundartiguador podíamos perceber um terço de todas as tonalidades das cores existentes no Cosmo infinito. Naquele tempo, nos rios de água da vida corriam “leite e mel” e era tudo diferente, o ser humano quando levantava a vista ao espaço infinito percebia a aura dos mundos e dos gênios planetários, assim também, da humanidade que os povoava; os Filhos da Manhã podiam ver claramente o Akasha dos mundos que haviam existido nos passados Mahavântaras, assim era a humanidade daqueles tempos.

Os ouvidos de cada ser humano percebiam as místicas vibrações Sooriosanas do universo, falavam com os deuses inefáveis e sabiam escutar as sinfonias que sustentam o Universo em sua marcha.

Desgraçadamente, a involução foi se precipitando nos seres humanos através do caminho da degeneração; as faculdades foram se atrofiando e com o tempo lamentavelmente se perderam.

Depois veio a segunda catástrofe transapalniana, que mudou completamente a capa geológica do nosso mundo, com a submersão do velho continente atlante, que se precipitou na involução degenerativa humana. Cada vez mais as faculdades foram se atrofiando, e, por último, o Kali Yuga, iniciado pela cultura greco-romana, nos trouxe ao estado em que nos encontramos atualmente.

Antes do Kali Yuga, ante que houvesse nascido a civilização greco-romana, iniciadora da Idade Negra, ainda existia o pensamento objetivo, a mente objetiva.

Façamos uma comparação entre o que é uma mente objetiva e o que é uma mente subjetiva. Entende-se por mente objetiva aquela que funciona somente com os dados surgidos da Consciência, a subjetiva é aquela que somente funciona com as percepções sensoriais externas.

Desta forma, através do sistema racional e deficiente, que foi expandido pelos gregos para toda a face da Terra, que excluem a intuição desse sistema racional, meramente associativo e desligado do processo da Consciência, o nosso cérebro se atrofiou em muitas áreas, lamentavelmente.

Atualmente, sabemos que nosso cérebro não trabalha com a sua total capacidade, e os cientistas também afirmam isso. Foi assim, meus caros irmãos, que a mente humana se degenerou, o cérebro humano atrofiou-se e converteu-se no que realmente é hoje, produto de uma associação meramente subjetiva.

Pensemos agora nos romanos, pois eles, junto com os gregos, iniciaram a Idade Negra que estamos vivendo, o Kali Yuga; os vagabundos da antiga Roma entregaram-se à orgia, aos bacanais, e até exportaram mundialmente os prostíbulos, por onde a humanidade se precipitou no caminho do infrassexual.

E hoje veja o estado em que nos encontramos: degeneração sexual em grande escala. A luxúria e o intelectualismo vãos, baseados em meras associações racionais de tipo subjetivo, brilham em todos os lugares, manifestam-se aqui, ali e acolá, ou seja, por todas as partes.

O Ego foi tomando proporções gigantescas, cada um de nós leva dentro de si as causas que produzem guerras, amarguras e sofrimentos.

Necessitamos nos libertar do estado em que nos encontramos. Todas as faculdades humanas se degeneraram, tudo se perdeu. Entretanto, existe algo que pode servir para a nossa salvação, quero me referir à nossa Essência, a qual, como já disse, está presa entre os Egos. E dentro dela estão os dados que necessitamos para nos guiar pelo Caminho que há de nos conduzir à Liberação Final. Na Essência, na Consciência, estão as partículas de dores do Omnicósmico, ou seja, o nosso Pai que está em segredo.

Cada vez que erramos, Ele sofre e as partículas de dor vão sendo depositadas na Consciência, e se soubermos aproveitar, poderemos, mediante elas, nos despertar. É na Essência que estão esses dados que urgentemente necessitamos para nos guiar pela Senda do Fio da Navalha.

A Essência é a Guia que temos, mas, infelizmente, está presa, encarcerada, embutida no Ego, entre o Eu, entre o Eu Mesmo, entre o Si Mesmo.

Necessitamos libertar a Essência para que Ela possa nos guiar pelo caminho da Liberação Final, e isso só é possível, queridos irmãos, destruindo o Eu, eliminando-o, reduzindo ao pó cósmico. Uma vez libertada a Essência, poderá nos guiar pelo caminho da perfeição.

Lembrem-se que é na vida prática que está o nosso Ginásio Psicológico, onde poderemos nos autodescobrir, porque é na relação com as pessoas, com nossos amigos, com os nossos companheiros de trabalho, com os nossos familiares etc., é que os defeitos que levamos escondidos dentro de nós aparecem, e, se estivermos alertas e vigilantes, como o vigia em época da guerra, poderemos ver em nós mesmos quais são eles. E uma vez descobertos, ele devem ser submetidos à técnica da meditação, e uma vez compreendidos integralmente, poderemos eliminá-los com a ajuda da Divina Mãe Kundalini, a Serpente Ígnea dos nossos mágicos poderes.

E se no transe sexual, durante o Sahaja Maithuna, A invocarmos com o coração puro, Ela poderá nos auxiliar. “Pedi e vos será dado, batei e a vós se abrirá”.

Se pedirmos, Ela nos dá, e se golpearmos, Ela nos abrirá; peçamos à nossa Mãe Divina Kundalini para que elimine de nossa psique o defeito psicológico que compreendemos, em todos os territórios da mente.

O resultado será extraordinário, Ela eliminará o defeito. Se continuarmos trabalhando incansavelmente, chegará o dia em que o Ego se achará totalmente desintegrado, e então, a Essência sairá livre e virá nos despertar.

E com a Consciência desperta seremos orientados na Senda do Fio da Navalha, entregando-nos todos os dados que necessitamos para a nossa própria liberação final.

Mas temos de ser pacientes, constantes e severos para conosco neste trabalho, pois cada defeito que temos é multifacético e se processa em 49 níveis do subconsciente.

Paz Inverencial!

SAMAEL AUN WEOR

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