As sete linhas do Yoga

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A finalidade de todas as linhas do yoga, independentemente da aparente complexidade de cada um dos diversos sistemas filosóficos, é a libertação da escravidão da existência fenomênica, ou mundo ilusório das formas.

Etimologicamente, a palavra YOGA vem do sânscrito, sua raiz é a palavra YUJ, que significa REUNIR, JUNTAR e implica REUNIÃO da natureza humana com sua ESSÊNCIA DIVINA, ou imagem e semelhança de Deus, culminando com a total absorção (re-solução) daquela nesta.

Através do yoga, dar-se-ia a reintegração do yogue à condição primordial da humanidade (realizado, livre e feliz). Portanto, a prática do yoga visa acelerar o processo da desintegração de “maya” (ilusão) para obter-se a liberdade espiritual.

O yoga, mais do que falar, é uma ciência do agir no corpo, na mente, no coração e no espírito. Esta ciência propõe que se comece CONHECENDO E CONTROLANDO o corpo material, grosseiro, através de técnicas específicas.

Após um controle mínimo desejável do físico, para estabilizá-lo num básico de saúde e harmonia, este alicerce material será utilizado para a etapa seguinte mais importante e imprescindível: O CONTROLE E O DOMÍNIO DO PROCESSO MENTAL, sem o que não se pode alcançar níveis espirituais mais elevados. Assim, o autoconhecimento e o controle no yogue processa-se a partir do físico, vai para o psicossomático, para o nível neurológico, mental, psicológico (no sentido de conhecimento da própria psique e da purificação da mesma, de toda essa sujeira e desequilíbrios que temos acumulado ao longo de muitas vindas a este mundo físico), até chegar à plenitude do espírito, à própria essência da liberdade.

As transformações sucessivas que se dão a cada nível do yoga permitem ao yogue transformar seus elementos subjetivos, aproximando-o cada vez mais de uma Razão Objetiva e Clara de nosso Ser.

Em resumo, podemos afirmar que o trabalho iogue exige a observância de quatro procedimentos básicos: (1) o domínio do corpo, (2) dos sentidos, (3) da mente e (4) uma vigilância incessante sobre as próprias ações. Havendo negligência nesses procedimentos, todos os esforços espirituais permanecerão sem frutos.

O yoga ocupa-se do homem tal como ele se apresenta em seu modo de ser habitual: mutável, diverso, contraditório, incoerente, disperso, cego, e lhe propõe um ajustamento progressivo, visando culminar num perfeito domínio de seu veículo psicofísico. Tal ajustamento, ou integração, coloca-o na posse de si mesmo e lhe permite, segundo esta filosofia, conquistar um estado incomparavelmente superior à sua condição atual, com a qual não ousa sequer sonhar: o estado absolutamente incondicionado, livre de todas as limitações, que a tradição indiana denomina “liberação”.

Histórico:

A princípio, o yoga era tradicionalmente reservado a uma elite de pessoas dispostas a praticar a “renúncia”. No entanto, o Bhagavad Gita dá ao Yoga uma nova dimensão, cujas repercussões espirituais seriam consideráveis.

Dessa forma, o Gita subverte a vida espiritual indiana, permitindo a todos, sem exclusividade, a prática do yoga. Doravante, o Yoga deixa de corresponder a uma acepção ascética, reservada a uma elite, e se torna uma “pluralidade disciplinar” (Bhákti Yoga, Karma Yoga, Jnana Yoga etc.), perdendo, assim, a sua unidade primitiva.

Atualmente, divide-se o Yoga em sete ramos ou linhas principais, a saber:

  1. Hatha
  2. Bhákti
  3. Karma
  4. Jnana
  5. Raja
  6. Mantra
  7. Kundalini

1- Hatha Yoga

É o ramo da Filosofia Yogue que trata do corpo físico, seu cuidado, bem-estar, saúde, força e tudo quanto venha a manter o seu estado de saúde natural e normal.

Essa atenção e cuidados destinados ao corpo físico são fundamentados nos seguintes aspectos: (1) o corpo é o instrumento no qual e pelo qual o espírito se manifesta e age; (2) o corpo é o templo do espírito; (3) com um corpo físico doente ou imperfeitamente desenvolvido, a consciência e seus veículos não podem funcionar devidamente.

O Hatha Yoga, através da saúde e resistência do corpo, permite colocá-lo em sintonia com os planos mais sutis da Natureza, possibilitando assim ao homem uma crescente liberação de suas debilidades físicas e mentais.

Os quatro elementos formais do Hatha Yoga são: (a) asana ou postura física, (b) pranayama ou controle da respiração, (c) relaxamento e (d) atitude mental correta.

P.S.: Quando usado sem ter como prioridade o Espírito e sua autorrealização Íntima, o Hatha Yoga acaba se transformando em meros malabarismos fisiológicos e se converte em Magia Negra, pois a Consciência se concentra unicamente no corpo tridimensional, e nada mais.

2- Bhákti Yoga

É o Yoga do Amor, a via da Devoção. Este amor e devoção têm uma potência espiritual interna que eleva o Bhákti Yogue e se converte em uma forma sutil de conhecimento do Divino.

O devoto sente uma paixão crescente pelo Divino e isto, segundo esta linha de yoga, ajuda a romper as barreiras entre o Divino e ele.

Esta via geralmente é adotada por pessoas de natureza emotiva e que têm sentimentos de amor e devoção muito desenvolvidos. O Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo e outros sistemas dualistas de religião, quando apregoam a adoração de um deus único, estão, consciente ou inconscientemente, pregando a Bhákti Yoga e dirigindo seus adeptos por este caminho.

3- Karma Yoga

A palavra KARMA é derivada da raiz sânscrita KRI, cuja tradução é AGIR, FAZER. Tomada em sentido literal, KARMA significa AÇÃO, e refere-se a todas as ações, tanto as mentais como as físicas. O termo KARMA YOGA, portanto, pode ser traduzido por YOGA DA AÇÃO.

Uma segunda significação do KARMA é o fato de que a toda ação corresponde uma reação. Nenhuma ação pode ser separada de seu resultado, pois não há causa que possa ser desvinculada de seus efeitos. A cadeia da causa e efeito, conhecida como a “Lei de Causa”, também é chamada Karma.

Nesta linha do yoga estão contidos os ensinamentos de que o trabalho de cada indivíduo deve ser feito com amor, sem egoísmo e isto significa executar a ação que lhe cabe com perfeição, por amor à coisa em si e desapego aos frutos de seus atos.

4- Jnana Yoga

A palavra JNANA, derivada da raiz sânscrita JNA, ou Gna, significa CONHECIMENTO, DISCERNIMENTO. Às vezes, JNANA também é empregada para expressar a mais elevada iluminação produtora da verdade, mas o composto JNANA YOGA é usado no sentido de investigação intuitivo-filosófica, podendo ser entendido como o YOGA DO CONHECIMENTO ABSOLUTO.

Este CONHECIMENTO é libertador, pois revela a verdadeira natureza das coisas. Num primeiro momento, consiste em eliminar todas as falsas concepções do Ego e, num segundo momento, revelar a verdadeira natureza da essência. Para tanto, se vale de técnicas tais como a auto-observação, “desidentificação”, a meditação, etc., que estudamos de modo bastante pormenorizado em Psicologia Esotérica e Gnóstica.

5- Raja Yoga ou Yoga Real

O conhecimento sobre o Yoga Clássico ou Raja Yoga baseia-se quase que inteiramente numa única obra, a Yoga Sutra de Patanjali, o mais antigo documento sistemático que possuímos sobre a Yoga. Muitos comentários foram escritos sobre ele, entretanto, o Yoga Sutra pode se definido como uma coleção de práticas ou idéias comprovadas, codificando a tradição do Yoga anterior a ele.

O Raja Yoga comporta oito etapas, são literalmente os oitos aspectos da Yoga.

a) YAMA (refreamento) – não violência, não roubar, não cobiçar, abstinência de uma vida desregrada, excessiva, tanto na alimentação, quanto no sexo, no falar, no trabalho, na família etc.

b) NIYAMA (observâncias) – purificação, contentamento, esforço sobre si mesmo, estudo, entregar-se a Deus.

c) ASANA (posições) – corresponde às posições psicofísicas, à expressão corporal do yogue. A postura deve preencher duas exigências: 1. ser estável e 2. agradável. Quando a prática da postura permite ao yogue mantê-la firmemente ao mesmo tempo em que se sente à vontade, o objetivo é atingido. A postura põe fim à agitação corporal e concentra as energias esparsas.

d) PRANAYAMA (domínio da respiração) – a disciplina do alento ou o domínio da bioenergia conseguido pelo controle da respiração. É muito mais do que um simples exercício respiratório; trata-se do controle da energia vital (prana) através da respiração.

A respiração pode ser voluntária ou involuntária; entretanto, no caso do Yoga, o praticante deve estar consciente da sua respiração. O princípio que justifica esse esforço decorre da constatação da íntima relação existente entre a respiração e os estados psíquicos. A respiração do homem comum corresponde ao seu estado de espírito flutuante e disperso.

Considera-se o Pranayama como uma elevada forma de ascese, que purifica o homem de todas as impurezas e alimenta a chama do conhecimento. (Para aclarar melhor sobre o tema Respiração, leia o texto Philokália, sobre a relação entre respirar e adorar a Deus.)

e) PRATYAHARA (retração dos sentidos) – combate às distrações provenientes das impressões sensoriais.

f) DHÁRANA (concentração) – o yogue exercita-se para adquirir a capacidade de estreitar cada vez mais o foco de sua atenção, fixando-o num só ponto. Quando a atenção está perfeitamente centrada e imóvel a concentração (Dhárana) é atingida.

g) DHYANA (meditação) – trata-se do estado da meditação, da contemplação (o não pensar).

h) SAMADHI (iluminação) – o estado de plena consciência e auto-realização; uma espécie de ruptura que propicia o aparecimento de uma forma de consciência de natureza iluminadora, um estado alterado de Consciência.

6- Mantra Yoga

O mantra Yoga é o ramo ou linha do Yoga que estuda as vocalizações ou mantras propriamente ditos.

O mantra é um som místico ou sagrado e pode ser entoado normalmente, em forma de som, ou então mentalmente.

7- Kundalini Yoga

O Tantra Yoga tem por função libertar a energia divina, que se encontra adormecida no corpo. Essa energia, raiz de todos os poderes do ser individual, é chamada KUNDALINI.

Segundo os yogues, a Kundalini reside adormecida na base da coluna vertebral, na região próxima ao cóccix e, quando despertada, através de técnicas específicas (estude os textos em nosso link Tantrismo), ascende pela coluna vertebral até atingir a cabeça, despertando na sua passagem os vários centros energéticos (chacras), culminando com o despertar de todos os poderes latentes no homem, reintegrando a energia na consciência suprema.

Numeráveis e complexos são os métodos do Kundalini Yoga. Além de todos os métodos yóguicos já conhecidos, o Yoga Tântrico utiliza abundantemente o poder do som (mantra), os diagramas simbólicos (yantras), o ritual, a concentração sobre os chacras, as visualizações, etc., além de uma mudança radical de paradigma dentro da sexualidade.

De maneira geral, não afasta nenhum aspecto da vida humana, nenhuma atividade corporal ou psíquica, mas as acolhe e visa a sacralizá-las, a transformá-las em métodos de despertar.

Todas as sete linhas de Yoga estão presentes na Gnosis, porém de forma sintética e absolutamente prática.

Há Hatha Yoga nas práticas de Yoga do Rejuvenescimento; Bhákti Yoga em nossas orações e rituais. O sendeiro da Karma Yoga, o vivemos através da reta ação, do reto pensar e do reto agir. Há Jnana Yoga nos trabalho e estudos intelectuais; Raja Yoga no trabalho prático com os chacras e com a meditação profunda; Mantra Yoga através do vocalização dos diversos mantras sagrados; e, finalmente, Kundalini Yoga nos trabalhos de transmutação das energias criadoras, visando o despertar da Kundalini, a cristalização dos corpos solares, e a autorrealização do indivíduo.

O aspecto exotérico, ou círculo público, de toda escola de Yoga é considerado “Kinder”, ou seja, ensina às pessoas as primeiras noções elementares da sabedoria oculta.

Atualmente no Ocidente, o Yoga vem sendo levado a público, na maior parte das vezes, apenas em seu aspecto exotérico, correndo inclusive o risco de se vulgarizar.

O aspecto esotérico, ou círculo interno, secreto, das escolas de Yoga, não é “Kinder”, ou seja, não ensina somente o básico do espiritualismo, do esoterismo, mas sim, que é uma verdadeira Escola de Regeneração, que possibilita o despertar pleno da consciência e a reunião da natureza humana, fenomênica, com sua essência divina.

Toda Escola de Regeneração trabalha com o Kundalini Yoga, o Tantrismo Sagrado e ensina os três fatores da revolução da consciência: (1) Morrer nos defeitos pessoais, (2) Nascer com as energias solares internas da kundalini e (3) Sacrificar-se pela humanidade, amar conscientemente o ser humano.

As Instituições Gnósticas são uma autêntica Escola de Regeneração.

(Para estudar os textos tântrico-gnósticos, clique aqui.)
(E para adquirir os livros de Samael Aun Weor, sobre Tantra e Gnose, clique aqui.)

Ali Onaissi, jornalista, escritor e coordenador do Portal GnosisOnLine (e-mail: [email protected])

15 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom o texto, está toda a verdade em relação a yoga, porém faltou dizer da Kriya Yoga, onde há vários adeptos pelo mundo. A Kriya Yoga começou com Mahavatar Babaji e foi popularizado por Paramahansa Yogananda, onde ensina meios para se chegar a Deus por meio da yoga.

    • Realmente Babaji é um mahavatar, um mestre ressurrecto que encarnou todos os princípios cósmicos. Ele ajuda a todos que o invocam e pedem auxílio em sua autorrealização íntima do Ser e a Morte dos Defeitos Psicológicos.
      Bem lembrado.

  2. Eu quero saber qual é a vertente mais indicada para desenvolvimento espiritual. Eu irei abrir um espaço para aulas de Yôga e quero saber qual é a vertente mais apropriada. Irei contratar um Professor evidentemente.
    Toda Ajuda é bem vinda.

    Agradeço atenção!

    • Morghana, a Gnose ensina que deve haver harmonia entre as sete linhas do yôga, porém, a mais importante de todas é o TANTRA.

      Se você dominar o tema e ensiná-lo, juntamente com o tema dos 3 FATORES DE REVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA (tantra branco, morte do Ego e amor pela humanidade), você estará realizando um trabalho maravilhoso em prol da Humanidade…

      • Entendo.
        Gostaria de saber se eu posso me”graduar” em Yoga como se dar a entender no Método DeRose… E assim, com a experiência e o conhecimento da Gnosis ensinar de acordo com a senda perfeita. ^^
        Tenho um certo receio pois apesar da eficiência do Método DeRose,não os vejo focando na evolução espiritual a não ser que eu esteja equivocada e entendi mal, mas me parece MAIS exibicionismo que vontade de ajudar o próximo.

        • Pelos frutos se conhece a árvore, o que importa é VOCÊ realizar o Ensinamento em sua própria vida e repassá-lo aos seus alunos…
          O exemplo é o melhor instrutor, as técnicas ajudam muito com certeza…

  3. Sou iniciado na gnosis e na rosacruz, porém, como sou empresario e sou obrigado a focar muito nos negocios por motivos óbvios, irei praticar yoga a fundo para manter o equilíbrio e porque eu sempre quis. Porém, estou na dúvida entre Kriya yoga e Raja yoga. Que dúvida cruel. Poderiam me ajudar?

    • Estude com mais afinco a sabedoria gnóstica e você perceberá que este é um ensinamento profundamente REVOLUCIONÁRIO. É distinto, é diferente de tudo que você já viu.
      Gnose é uma visão revolucionária da vida e de como viver sua vida de forma CONSCIENTE.

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