Os mistérios egípcios – O papiro Nebseni

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Como Hierofante egípcio, o VM Samael Aun Weor ensina:

Quero terminar o presente capítulo transcrevendo e até comentando brevemente cada versículo da Confissão Egípcia, Papiro Nebseni:

1 – Ó tu, espírito que marchas a grandes passadas e que surges em Heliópolis, escuta-me! Eu não cometi ações perversas. (É claro que aquele que fora capaz de feitos mal intencionados deixou de existir. Somente o Ego comete tais atos. O Ser do defunto ainda em corpo vivo nunca realizaria nada maligno.)

2 – Ó tu, espírito que te manifestas em Ker-ahá e cujos braços estão rodeados de um fogo que arde! Eu não tenho agido com violência. (Ressalta, com inteira clareza, que a violência é dona de mil facetas. O Ego quebra leis, vulnera honras, profana, força mentes alheias, rompe, deslustra e intimida o próximo. O Ser sempre respeita o livre arbítrio de nossos semelhantes; é sempre sereno e tranquilo.)

3 – Ó tu, espírito que te manifestas em Hermópolis e que respiras o alento divino. Meu coração detesta a brutalidade. (O Ego, certamente grosseiro, é torpe, incapaz, amigo da leviandade, bestial por natureza e por instinto animal. O Ser é distinto, refinado, sábio, capaz, divinal e docemente severo.)

4 – Ó tu, espírito que te manifestas nas fontes do Nilo e que te alimentas sobre as sombras dos mortos! Eu não roubei. (Ao Ego agrada o furto, a rapina, o saque, a pilhagem, o rapto, o seqüestro, a fraude, a estafa, tomar emprestado e não devolver, abusar da confiança dos outros e reter o alheio, explorar o próximo, dedicar-se ao peculato. O Ser goza dando e até renunciando aos frutos da ação, é serviçal, desinteressado, caritativo, filantropo e altruísta.)

5 – Ó tu, espírito que te manifestas em Restau e cujos membros apodrecem e engrangrenam! Eu não matei meus semelhantes. (O assassinato é o ato de corrupção mais hediondo existente no mundo. Não somente apaga a vida alheia com revólveres, gases, espadas, venenos, pedras, paus, mas também aniquila a vida de nossos semelhantes com palavras duras, olhares violentos, atos de ingratidão, infidelidade, traição, gargalhadas. Muitos pais e mães de família talvez ainda existissem se seus filhos não lhes tivessem tirado a vida mediante más ações. Multidões de esposas ou de esposos todavia ainda respirariam sob a luz do sol se um dos cônjuges houvesse permitido. Recordemos que o ser humano mata o que mais quer. Qualquer sofrimento moral pode adoecer-nos e levar-nos ao sepulcro. Todas as enfermidades têm origem no psiquismo.)

6 – Ó tu, espírito que te manifestas no céu sob a dupla forma do leão. Eu não diminuí o salamim de trigo. (O Ego altera o peso dos víveres.)

7 – Ó tu, espírito que te manifestas em Letópolis e cujos dois olhos ferem como punhais! Eu não cometi fraude. (O Ser jamais cometerá delito.)

8 – Ó tu, espírito da deslumbrante máscara que andas lentamente para trás! Eu não subtraí o que pertencia aos deuses. (Agrada ao Ego saquear os sepulcros dos grandes iniciados; profanar as sagradas tumbas; roubar as relíquias veneráveis, saquear as múmias em suas moradas, buscar nas entranhas da terra as coisas santas para profaná-las.)

9 – Ó tu, espírito que te manifestas em Herakleópolis e que golpeias e torturas os ossos! Eu não menti. (O Ego satisfaz-se com o embuste, o engano, a falsidade, a mentira, a vaidade, o erro, a ficção, o aparente. O Ser é diferente, jamais mente, sempre diz a verdade, custe o que custar.)

10 – Ó tu, espírito que te manifestas em Mênfis e quer fazer surgir e crescer as chamas. Eu não roubei o alimento de meus semelhantes. (Ao Ego apraz separar a comida de seus semelhantes, negociar ilicitamente com o alimento alheio, subtrair, extrair mesmo que seja uma parte do que não lhe pertence, levar a fome aos povos e aos grupos de pessoas, ocultar os víveres, encarecê-los, tirar deles absurdos lucros, roubar, negar um pão ao faminto.)

11 – Ó tu, espírito que te manifestas no Amenti, divindade das duas fontes do Nilo! Eu não difamei. (Ao Ego agrada a calúnia, a impostura, a murmuração, a maledicência, desacreditar nos outros, denegrir, injuriar, ao passo que o Ser prefere calar ao invés de profanar o Verbo).

12 – Ó tu, espírito que te manifestas na região dos lagos e cujos dentes brilham como o sol! Eu não sou agressivo. (O Ego é por natureza provocador, cáustico, irônico, mordaz, insultante, pulsante, aprecia o ataque, o assalto, a arremetida; fere com o sorriso sutil de Sócrates e mata com a gargalhada estrondosa de Aristófanes. No Ser, sempre sereno, equilibram-se a doçura e a severidade.)

13 – Ó tu, espírito que surges junto ao cadafalso e que, voraz, te precipitas sobre o sangue das vítimas! Sabei: eu não matei os animais do templo. (Os animais consagrados à divindade; porém o Ego fere e assassina as criaturas dedicadas ao Eterno. Somente o Ser sabe abençoar, amar e fazer todas as coisas perfeitas.)

14 – Ó tu, espírito que te manifestas na vasta sala dos trinta juízes e que te nutres de entranhas de pecadores! Eu não defraudei. (Ao Ego compraz, usurpar, roubar, frustrar, alterar, desbaratar.)

15 – Ó tu, Senhor da ordem universal, que te manifestas na Sala da Verdade-Justiça, aprende! Eu não monopolizei os campos de cultivo. (A terra é de quem a trabalha; o obreiro trabalha, lavra, sua. Mas os poderosos, os usurpadores, retêm, absorvem os terrenos cultivados. Assim é o Ego.)

16 – Ó tu, espírito que te manifestas em Bubastis e que marchas retrocedendo, aprende! Eu não escutei atrás das portas. (O Ego é curioso e perverso, por natureza e por instinto. Dizem que as sebes, muros ou paredes têm ouvidos e as portas também. O Ego encanta-se, intrometendo-se na intimidade do próximo. Mefistófeles ou Satã é sempre intruso, intrometido.)

17 – Ó tu, espírito Asti, que apareces em Heliópolis! Eu não pequei jamais pelo excesso de palavras. (O Eu é charlatão, conversador, falador, loquaz. O Ser fala o estritamente necessário, jamais brinca com a palavra.)

18 – Ó tu, espírito Tatuf, que apareces em Ati! Eu não pronunciei maldições, quando me causaram danos. (O Ego gosta de maldizer, denegrir, abominar, destratar. O Ser apenas sabe abençoar, amar e perdoar.)

19 – Ó tu, espírito Uamenti, que apareces nas covas de tortura! Eu não cometi adultério. (O Ego é mistificador, corrompido, viciado, falso, satisfaz-se justificando o adultério, sublimando-o, dando-lhe de si mesmo e dos demais; adorna-o com normas legítimas e cartas de divórcios; legaliza-o com novas cerimônias nupciais. Aquele que cobiça a mulher alheia é, de fato, adúltero, mesmo que jamais copule com ela. Em verdade vos digo que o adultério nas profundezas do subconsciente das pessoas mais castas, tem múltiplas facetas.)

20 – Ó tu, espírito que te manifestas no templo de Ansu e que olhas cuidadosamente as oferendas que te levam! Sabe, não cessei jamais de ser casto. (A castidade absoluta somente é possível quando o Ego está bem morto. Muitos anacoretas que alcançaram no mundo físico a pureza, a virgindade da alma, a honestidade e a candura quando foram submetidos às provas nos mundos supra-sensíveis fracassaram, delinqüiram, caíram como Amfortas, o Rei do Graal, entre os impudicos braços de Kundry, Gundrígia, aquela loura tempestuosa que chamavam Herodias.)

21 – Ó tu, espírito que apareces em Hehatu, chefe dos antigos Deuses! Eu nunca atemorizei as pessoas. (O Ego gosta de horrorizar, horripilar, espantar, intimidar os outros, ameaçar, derrubar moralmente o próximo, prostrá-lo, abatê-lo, assustá-lo. As casas comerciais costumam enviar lembretes, às vezes muito finos, aos seus clientes morosos, porém sempre ameaçadores.)

22 – Ó tu, espírito destruidor que te manifestas em Kauí! Eu jamais violei a ordem dos tempos. (O Ego arbitrariamente muda os horários e altera o calendário. É útil recordarmos a autêntica ordem dos sete dias da semana: 1º dia: Lua, domingo; 2º dia: Mercúrio, segunda-feira; 3º dia: Vênus, terça-feira; 4º dia: Sol, quarta-feira; 5º dia: Marte, quinta-feira; 6º dia: Júpiter, sexta-feira; 7º dia: Saturno, sábado. Os pseudo-sábios alteraram esta ordem.)

23 – Ó tu, espírito que apareces em Urit, e de quem escuto a voz monótona! Eu jamais me entreguei à cólera. (O Ego está sempre disposto a deixar-se levar pela ira, o asco, o enfado, a irritação, a fúria, a exasperação, o desafio.)

24 – Ó tu, espírito que apareces na região do lago Hekat, sob a forma de um menino! Eu jamais fui surdo às palavras da Justiça. (O Ser ama sempre a eqüidade, o direito. É imparcial, reto, justo. Quer a legalidade, o que é legítimo, cultiva a virtude e a santidade; é exato nas suas coisas, cabal, completo; deseja a precisão e a pontualidade. Em contrapartida, o Ego trata sempre de justificar e desculpar seus próprios delitos. Jamais é pontual, deseja o suborno, é dado a aconselhar e corromper os tribunais da justiça humana.)

25 – Ó tu, espírito que apareces em Unes e cuja voz é tão penetrante! Eu jamais promovi querelas. (O Ego aprecia a mágoa, a discórdia, a disputa, a demanda, a briga. É amigo de politicalhas, contendas, pleitos, litígios, discussões. Por antítese diremos que o Ser é diferente: ama a paz, a serenidade, é inimigo das palavras duras; se aborrece com as alterações, as falcatruas. Diz o que tem a dizer e logo guarda silêncio, deixando aos seus interlocutores completa liberdade para pensarem, aceitarem ou recusarem; depois retira-se.)

26 – Ó tu, espírito Basti, que apareces nos Mistérios! Eu não fiz meus semelhantes derramarem lágrimas. (O pranto dos oprimidos cai sobre os poderosos como um raio de vingança. O Ego promove lamentos e deploráveis situações. O Iniciado bem morto, embora tenha vivo o seu corpo, onde quer que passe deixa centelhas de luz e de alegria.)

27 – Ó tu, espírito cujo rosto está na parte posterior da cabeça, e que deixas tua morada oculta! Eu jamais pequei contra a natureza com os homens. (Os infrassexuais de Lilith, homossexuais, pederastas, lesbianas, afeminados, são sementes degeneradas, casos perdidos, sujeitos que de nenhuma maneira podem se auto-realizar. Para esses serão as trevas exteriores, onde se ouve somente o pranto e o ranger de dentes.)

28 – Ó tu, espírito com a perna envolta em fogo e que sais de Akhekhu! Eu jamais pequei pela impaciência. (A intranqüilidade, o desassossego, a falta de paciência e de serenidade são obstáculos que impedem o trabalho esotérico e a auto-realização íntima do Ser. O Eu é por natureza impaciente, intranqüilo, tem sempre tendência a alterar-se, enfadar-se, arder, enojar-se. Não sabe esperar e por isso fracassa.)

29 – Ó tu, espírito que sais de Kenemet e cujo nome é Kenemti! Eu jamais injuriei a qualquer pessoa. (O iniciado bem morto, que já dissolveu o Ego, tem somente dentro de si o Ser e este é de natureza divina, incapaz de injuriar o próximo. O Ser não ofende a ninguém, é perfeito em pensamento, palavra e obra. O Ego fere, maltrata, danifica, insulta, ultraja, agrava.)

30 – Ó tu, espírito que sais de Saís, e que levas em tuas mãos tua oferenda. Eu não fui querelador. (Ao Ego agradam as broncas, alvoroços, grosserias.)

31 – Ó tu, espírito que apareces na cidade de Djefit e cujas faces são múltiplas! Eu não agi precipitadamente. (O Eu tem sempre a marcada tendência a desesperar-se. É arrebatador, inconsiderado, imprudente, temerário, irreflexivo, deseja correr, andar depressa, não tem precaução. O Ser é muito diferente, profundo, reflexivo, prudente, paciente, sereno.)

32 – Ó tu, espírito que apareces em Unth e que estás cheio de astúcia! Eu não faltei com o respeito aos deuses. (Durante este presente Ciclo tenebroso do Kali-Yuga as pessoas zombam dos deuses santos, Prajapatis ou Elohim bíblicos. As multidões da futura Sexta Raça voltarão a venerar os inefáveis.)

33 – Ó tu, espírito adornado de chifres e que sais de Santiú! Em meus discursos nunca usei de palavras excessivas. (Observemos os charlatães das diversas emissoras radiofônicas! Assim também é o Eu; sempre palrador.)

34 – Ó tu, Nefer-Tum, que sais de Mênfis! Eu não defraudei nem obrei com perversidade. (A fraude tem muitos coloridos de tipo psicológico. Sentem-se defraudadas as noivas enganadas; os maridos traídos; os pais e mães abandonados ou feridos moralmente por seus filhos; o trabalhador despedido injustamente de seu emprego; o menino que não recebeu o prêmio prometido; o grupo esotérico abandonado por seu guia. Interessa ao Eu defraudar, perverter, corromper, infeccionar tudo quanto toca.)

35 – Ó tu, Tum Sep, que sais de Djedu! Eu não tenho jamais injuriado o rei. (Os chefes de Estado são os veículos do Karma; por isso não devemos amaldiçoá-los.)

36 – Ó tu, espírito, cujo coração é ativo e que sais de Debti! Eu jamais poluí as águas. (Seria o cúmulo do absurdo que um iniciado com o Ego bem morto cometesse o crime de emporcalhar as águas dos rios e dos lagos. Mas apraz ao Eu realizar tais crimes, porque não sente compaixão pelas criaturas; não quer entender que ao infectar o elemento líquido prejudicam tudo o que tiver vida.)

37 – Ó tu, Hi, que apareces no céu! Saiba: minhas palavras jamais foram altaneiras. (O Ego é altivo por natureza, soberbo, orgulhoso, arrogante, imperioso, depreciativo, desdenhoso. Ele esconde seu orgulho sob a túnica de Arístipo – vestimenta cheia de buracos e remendos. Dá-se até ao luxo de falar com fingida mansietude e poses piedosas, mas através dos buracos de sua roupa nota-se a sua vaidade.)

38 – Ó tu, que ordenas aos iniciados! Eu não amaldiçoei os deuses. (As pessoas perversas abominam e denigrem os deuses, anjos e devas.)

39 – Ó tu, Neheb-Nefert, que sais do lago! Eu não fui jamais impertinente nem insolente. (A impertinência e a insolência fundamentam-se na falta de humildade e paciência. O Ego gosta de pisar, magoar, é irreverente, inoportuno, disparato, grosseiro, precipitado, torpe.)

40 – Ó tu, Nehebe-Kau, que sais da cidade. Eu não intriguei jamais, nem me fiz valer. (O Ego quer subir, galgar o cimo da escada, fazer-se sentir, ser alguém na vida. O Eu é farsante, embrulhão, enredador, maquinador, obscuro e perigoso.)

41 – Ó tu, espírito, cuja cabeça está santificada e que logo sais de teu esconderijo! Saiba: eu não enriqueci de modo ilícito. (O Ego vive em função do “mais”. O processo acumulativo do Eu é horripilante: mais dinheiro, não importando os meios, ainda que seja estafando, enganando, defraudando, intimando, trapaceando. Mefistófeles é perverso, malvado, assim tem sido sempre Satã, o Mim Mesmo.)

42 – Ó tu, espírito que sais do mundo inferior e levas ante ti teu braço cortado. Eu jamais desdenhei os deuses da minha cidade. (Essas divindades inefáveis, anjos protetores das povoações, espíritos familiares, etc, merecem nossa admiração e respeito. Eles são os Deuses Penates dos antigos tempos. Cada cidade, povo, metrópole ou aldeia, tem seu reitor espiritual, seu Prajapati. Não existe família que não tenha seu próprio regente espiritual. O Ego despreza os pastores da alma.)

Samael Aun Weor, O Parsifal Desvelado

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns por mais este excelente texto! Nunca me enxerguei tanto lendo algo! De uns tempos p/ cá, tenho me auto-observado mais e descoberto até defeitos q eu ignorava q tivesse… Mas, depois deste texto, tive praticamente uma epifania, um “insigth”… E, instantaneamente, comovi-me e arrempedi-me do fundo de meu coração!…

  2. parabéns pelo texto…estou lendo um livro que se chama SE NÃO AMÁSSEMOS TANTO ASSIM..ele fala dobre o egito antigo de da rainha Nebseni e´muito bom ele prende a atenção…leiam voces não vão se arrepender
    Bom dia e boa leitura.

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