sexta-feira, março 29, 2024

Poesias para o emocional superior (Luciano Moraes)

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    Roit
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    Postado em Jul 10 2004, 01:05 PM

    SOLIDÃO

    a alguém

    No meio da noite, a chuva cai
    e estou no meu quarto sozinho
    uma tristeza me invade
    procurando algo dentro da escuridão.

    Se me levanto, vou andando
    e meus passos são pesados
    talvez um copo de água
    possa fazer minha tristeza passar…

    Tento adormecer ao som da Enya
    porém, a dor desperta co’a música
    e sofre o meu coração, pobre coração
    as gotas d’água se transformassem em lágrimas…

    Lembro do meu passado, dos meus erros
    que não sou digno de sentir amor
    pois acreditei nas promessas e nos sonhos
    e tudo se transformou em ilusão.

    E de todos os receios e medos: cicatrizes
    que nunca mais se fecham
    e de não mais poder acreditar em mim
    queria ser puro como já não mais sou…

    Doce harmonia na voz de Enya
    silêncio da solidão que faz se agitar
    a solidão de minh’alma
    perdida entre a descrença e o despertar.

    Mas tudo se finda, a chuva, as lágrimas
    e o sono vem, meu doce lençol
    e posso, em meus sonhos, talvez
    ser puro como nunca fui.

    Posso ser um pássaro voando no céu
    ou uma gota que viaja alada
    se misturando co’as outras no riacho
    cristalino que leva sempre ao mar.

    Ou olhar o céu brilhante, e me imaginar um dos astros
    e esquecer de minhas dores e misérias
    viajar pelo Universo das quimeras
    e se for fantasia, é melhor vivê-la do que ficar sem ela.

    Silveira

    Postado em Jul 10 2004, 01:14 PM

    UMA FLOR QUE DESPERTA

    Na pequena semente
    que desperta
    vejo a árvore
    com suas flores e frutos.

    Numa pequena gota
    cristalina
    vejo todo o oceano
    infinitamente azul

    Sei que existe a tristeza
    a ilusão e a dor
    os erros e a ignorância
    este mundo aqui.

    Mas sou um sonhador
    prefiro acreditar
    que a pequena semente de luz
    em teus olhos
    pode se transformar em todas as estrelas
    no meu desvario

    A distância entre os loucos e os profetas
    quase não existe
    e se sou um louco
    minha loucura é acreditar
    que dentro de ti
    está todo o Universo
    em miniatura.

    Pequena semente
    que um dia despertará…
    Eu espero!!!

    Orador sem nome

    Postado em Jul 10 2004, 01:49 PM

    Novo momento

    Neste novo momento,
    Que esperamos,
    seja de renovação e libertação.

    Procuramos um novo lugar,
    Que não seja mais rançoso,
    De velhas idéias e conceitos.

    Procuramos um novo despertar,
    que se baseie no viver do momento,
    e no esquecer do passado.

    E que se baseie,
    na não confirmação do eu,
    mas no seu apagar,
    constante.

    AnjosdeOrion

    Postado em Jul 10 2004, 04:04 PM

    Escuto as batidas do meu coração
    E de lá de dentro, sinto, você fluir…

    O Tudo, no Todo, dentro de mim

    Na minha respiração, vou de meu centro
    em direção aos confins, sem fim, do universo…

    Cosmo e Caos, Da cabeça aos pés

    Minha mão toca o divino
    Atraves de amar, você

    visitante

    Postado em Jul 10 2004, 09:53 PM

    DEUS-HOMEM

    Sou o homem entre Deus e a Natureza
    como um ponto de luz por sobre o abismo.
    Em mim mesmo me encontro e, enquanto cismo,
    de um Sol a luz radiante me embeleza.

    E, por detrás do véu, a singeleza
    da alma esfuma, com amor, todo o egoísmo.
    Minha verdade oculta, em simbolismo,
    em criador e criatura me empaveza.

    EU SOU ELE, ELE É EU; o que está em cima
    com o que debaixo está igual se rima;
    de matéria e de Deus eu sou formado.

    Deus-Homem e Homem-Deus sem divisório:
    Acima – sou Espírito incorpóreo;
    e, abaixo – sou Espírito encarnado. JORGE ADOUM

    visitante

    Postado em Jul 10 2004, 10:15 PM

    A pedra e a árvore

    No meio do caminho há uma pedra
    qual árvore da ciência no paraíso
    se é pedra de tropeço, ou se é fruto proibido
    eu continuo o caminho e não nego o fruto

    Possam meus amigos na fé,
    edificar a sua casa sobre a pedra
    com tubulões de 13 metros de fundura,
    e, uma vez erguida, possa servir ainda de guarida,
    para aqueles que, na pedra, estão encontrando também
    o caminho.

    Anfitriões, os moradores da formosa casa,
    dirão aos que querem ouvir palavras a respeito de um
    apocalipse feliz, para todos que não esperam pelo fim.

    Salve a pedra, no caminho
    E salve a árvore, especialmente a paradisíaca.

    AnjosdeOrion

    Postado em Jul 11 2004, 01:12 PM

    Além de Olinda – José Eduardo Gramani

    Além de Olinda ainda se encontra quem renda tece
    e tece fendas, emendas, emblemas e gemas,
    doces linhas modulantes,
    suaves falenas azuis, na luz da embriagues

    Se alguém perguntar o porquê do se fazer,
    responde-se o porquê do perguntar.
    O tecer não tem um porquê enquanto ato de entrelaçar,
    Além, além, além, o entrelaçar, significa…

    Wsilveira

    Postado em Jul 11 2004, 02:16 PM
    já que este é o único tópico realmente ativo, aí vai minha última composição:

    MONTE DO CARMO
    (aos bandeirantes do cerrado)

    Passo firme no cascalho, vamos em direção ao céu!
    Mesmo que o pé tropece em alguma rocha pontiaguda
    Que os dedos gritem por voltar,
    seguimos a diante enfrentando o sol
    rumo à Serra do Carmo!

    As margens dos paredões marcam a trilha segura
    para quem se protege das chuvas,
    navalhas e a quiçaça dos bambuzais
    Um descuido e a urtiga brava é a própria picada
    que prova a bravura e a coragem de quem vai

    E nestas paredes estão a história marcada,
    em urucum e jenipapo pintado à mão velha
    e olhamos admirados as marcas das tribos antigas
    nesta coluna que forma a grande serra

    Percorrendo matas e grotas d’águas,
    quando não molhados pelo suor, mas pela água fresca,
    entre espinhos e maribondos do cerrado,
    marcamos as pegadas no capim da estação

    No chão, sementes derrubadas por maritacas
    e o indício de que aqui o que cai das árvores é pão
    e que tudo é alimento, seja da carne ou da alma

    No Monte do Carmo, a mãe é generosa
    A noite é límpida e o céu mais próximo da terra
    Dormimos à luz da fogueira
    e, no fim da noite, ao calor da brasa

    As estrelas vigiam nossos corpos
    sob a proteção dos cobertores gastos
    nem sentimos frio, apenas esquentamos
    o pescoço do ar seco da madrugada

    E se o sono não vem ou o medo ronda a calada
    sempre há papo em volta de um cheiro bom de fumaça
    misturado com as castanhas sopradas
    pelo vento e pela conversa fiada

    Em cada nascente a sede é morta em grande goles
    E os ferimentos e arranhões são molhados com delicadeza
    Pois, a mata é extensa e ainda há mais dias de caminhada

    Mascando a macaúba e roendo o buriti, tudo passa sem sentir
    Quem não quer percorrer este segredo
    E chegar logo ao Monte do Tocantins?

    09/07/04

    Cris :rolleyes:

    visitante

    Postado em Jul 12 2004, 02:28 AM
    Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma… aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. … e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida;…
    Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. …Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, … Aprende que paciência requer muita prática. …aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes… e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. … Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.
    (trechos de um texto de Shakespeare)

    Jonas

    Postado em Jul 12 2004, 11:35 PM

    olha só.. vou colocar aqui a tradução do poema usado no 4º movimento da 9ª sinfonia de Beethoven (coral) chama ODE À ALEGRIA 😀

    Ode à Alegria

    Ó amigos, não esses sons!
    Cantemos, antes, algo mais agradável
    E alegre!

    Alegria, centelha de imortal chama,
    Filha de Elysium!
    Ébrios de fogo, deusa celestial,
    Invadimos teu santuário!
    Deixa que tua magia reúna
    Todos os que da lei da Terra dividem;
    Todos os homens serão irmãos,
    Sob tuas ternas e amplas asas.

    Aquele que teve a boa sorte
    De ser amigo de um amigo,
    Aquele que conquistou uma nobre mulher
    Deixem-no associar-se ao nosso júbilo!
    Sim, e também aquele que possua
    Só a própria alma no mundo.
    Mas deixem em isolado pranto
    Quem jamais conseguiu tanto.

    Todo ser vivente extrai
    Alegria do seio da mãe natureza;
    Todos os bons, todos os maus,
    Seguem seus rastros de rosas.
    E beijos e vinhos ela oferece
    Aos que, firmes, ficaram na morte.
    O verme recebe a alegria da vida
    E os anjos habitam com Deus

    Alegres como sóis incandescentes
    Que cruzam gloriosos os espaços celestiais,
    Correi, irmãos, por vossos caminhos
    Alegres como cavaleiros virtuosos.

    Eu vos abraço, ó milhões!
    Lanço um beijo ao mundo inteiro!
    Irmãos, acima das estrelas do céu
    Um Pai bondoso tem sua morada.
    Prostai-vos ante Ele, ó milhões?
    Sentes teu Criador, Mundo?
    Procura-o acima das estrelas do céu,
    Acima delas Ele há de estar.

    Friederich Von Schiller (beethoven conheceu esse poema e resolveu utilizá-lo em sua sinfonia 😉 )

    mathia

    Postado em Jul 13 2004, 04:38 PM

    Não sou poeta, mas este poema foi escrito com arrepios no coração, por isso espero que gostem. :-))))
    Ahhhh quase me esquecia, ficam aqui os meus agradecimentos a Mozart pela ajuda na criação do poema, rss. Aquela Flauta é mesmo Mágica, rss. Tenho uma Valsa que também ajudou não sei o nome mas é mais ou menos assim: pumpumpumpumpum (um pouco rápido), pumpumpum (mais lento), pârârârâ (normal), rsss tou ficando louco, rsss mas eu adoro aquela Valsa, o Mestre Samael dizia que as Valsas eram as músicas da Vitória.

    AMOR

    O Amor é o vidro
    Através do qual deveríamos olhar
    O Amor é a Luz
    Que em nossos olhos deveria brilhar

    O Amor é a água
    Que em nosso coração deveria correr
    O Amor é a corda
    Sob a qual deveríamos pender

    O Amor é o caminho
    Que deveríamos percorrer
    O Amor é a semente
    Que em nós deveria nascer

    O Amor é a roupa
    Que deveríamos vestir
    O Amor é o CRISTO
    Que deveríamos seguir

    Bastam duas gotas de Amor, para nas asas do Espírito voar
    Bastam duas gotas de Amor, para pelo próximo, alguém se sacrificar
    E só com essas gotas de Amor a Deus e Amor ao Próximo
    Pode alguém, no caminho da Iniciação avançar!!!

    572004

    São só umas pequenas gotas meus queridos amigos, espero que todos as tenhamos ou venhamos a ter…

    Que assim seja!!!

    mathia

    Postado em Jul 13 2004, 04:51 PM

    Desta vez fica o meu agradecimento a Chopin, e ao MEU PAI INTERNO E MINHA DOCE MÃE DIVINA POR NUNCA ME ABANDONAREM!!! 🙂

    Bruno Cardoso

    ********** (Chamem-lhe o que quiserem, rsss)

    Subir como é duro subir….
    Poucos acreditam que é possível,
    Só sabem olhar de lado,
    E RIR! RIR! RIR!!!

    Ignorância é assim,
    Tão estúpida quanto orgulhosa,
    Mas ao mesmo tempo
    Tão cómoda, ohhh quão gostosa!!!

    Até ao dia…
    Em que a gente acorda,
    E vê que assim a vida não tem coração…
    As lágrimas voam,
    A gente dá com a cara no chão!
    Oh Deus me ajuda…
    Oh Deus me ajuda….
    Me mostre algo intemporal…
    A gente aperta com força,
    O nosso dolorido coração,
    E de lá sai o Verbo…..
    Que deliciosamente diz:

    Sobe as montanhas da eternidade
    E sê como o pássaro
    Feliz, puro, livre
    E que a ninguém tira a liberdade!!!

    Acorda e vê o SOL a nascer,
    Sê CRIANÇA e vê a LUA a desaparecer…
    Pára, ouve, sente como é belo viver!!!!!

    Assim serás eterno e tua vida terá coração!!!

    Amen… Amen… Amen…

    1072004

    __________________________________________________________

    “Quem tiver entendimento que entenda porque aqui há sabedoria”

    Alissa1109

    Postado em Aug 8 2004, 09:36 PM

    O Álibi de Brahma

    Somas são prefixos; as conjunturas de Brahma
    São chispas renascendo no próximo elemento;
    A ordem, (dizem-na melhor que qualquer coisa),
    Incita o parto e a partida em quem lha conhece e
    Considera; mas, pouco importa a cruz e destino:
    Vale é cumprir a cruzada com este sorriso nos
    Lábios; diversas na costura retalhada pela colcha.
    Os costumes do céu são abertos e por isso, não se
    Vêem de inteiro; naturalmente iluminados, sugam fractos
    Da luz onipresente; a metade duma chama
    Que se chama
    E reconhece.
    Uma vez um homem, duas ou cinco;
    Sete pontas na trava da estrela, e a órbita contendo
    O infinito.
    Alguém, por amor, fez da palavra, o verbo: Houve
    A Vida.
    O silêncio aceito é uma pendência em liberdade;
    Uma muda nascendo
    No íntimo; deitam-se as pétalas primeiras, em seus
    Núcleos.
    Somas são prefixos, lá adiante.

    (Marceli Andresa Becker-Alissa1109)
    Entrem no meu site: andresabecker.tripod.com (ainda em construção… 🙂

    Wsilveira

    Postado em Aug 10 2004, 08:50 PM

    A queda de Nãbd’owá*

    Onde o sol brilha mais forte,
    é para onde segue
    a revoada dos periquitos,
    em direção ao grande rio gritar
    Nãbd’owá, Nãbd’owá!!!

    Esta mulher, vestida de sol
    caminha entre pedras para ver
    o filho do filho do trovão
    Nãbd’owá é de beleza infinita,
    cana são seus olhos
    e translúcido seu coração

    Ela segue a penugem verde das asas
    sopradas pelo vento do oeste
    partindo em direção à floresta
    fascinada com o brilho dos vaga-lumes
    assim caiu no leito de Owãndê, o grande rio

    No agito das águas,
    quase se afoga em meio a correnteza
    presa neste mundo pelo fascínio da beleza
    longe de casa, pôs-se a chorar

    Purizaúno, o girino, se compadeceu da moça
    deu-lhe dois pauzinhos para retornar a casa
    deles, ela fez o melhor que pôde
    fez a mulher na terra
    da mulher, veio o homem
    do homem a civilização ribeirinha

    Dentre os filhos há de vir
    O que vai guiá-la
    no retorno ao céu
    No meio desta grande terra perdida
    Entre árvores desconhecidas
    e barulhos estranhos,
    ela aguarda serena e contemplativa

    Um dia Nabd’owá há de voltar
    Mas, não pelo mesmo caminho de pedras,
    Irá voando entre as aves verdes do infinito
    como o sol que é vestida,
    quando ascende na beleza da manhã…

    *Nãbd’öwa – mulher bonita em xavante

    Silveira

    Postado em Aug 11 2004, 01:30 AM

    INSPIRAÇÃO E MISTÉRIO

    a Lais L

    A Lua brilha no céu
    misteriosa sobre as nuvens da noite
    com os mares dos sonhos enevoados
    – e mais nada!

    Nos oceanos suaves da serenidade
    uma flor desperta sensibilidade
    suas pétalas são beijos do orvalho
    – em minha amada!

    Dentro da flor do mar da lua
    dorme um dragão branco e puro
    com um colar de pérolas brilhantes
    – estrelas da madrugada !

    Uma cachoeira de luz desce
    de todas as estrelas do céu
    até o templo do meu coração sustentado
    – nas colunas sagradas !

    Um anjo guarda o belo portal
    com sua espada desembainhada
    ele me detem , quero entrar, não podes
    – a porta está fechada !

    Entrega em minhas mãos, anjo, o anel
    com o nome de tua alma enamorada
    és bela, amor , delicada, com a luz dos mistérios
    – de asas aladas

    Meu coração palpita, a porta do templo se abre
    o dragão desperta, a luz da lua – teus olhos
    tua alma – estrelas, teus lábios – flores
    o amor – a alma – oceano – a vida – TUDO !!!
    – e mais nada!

    Este post foi editado por Luciano Moraes em Dec 3 2004, 05:13 PM.

    mathia

    Postado em Aug 14 2004, 12:41 PM
    Está aqui mais um poema, para mim este foi o melhor poema que escrevi, (pra vocês verem a qualidade deles rss), pelo menos foi o maior (pra vocês verem a minha inspiração rss), espero que gostem das palavras de um pecador…

    PALAVRAS DE UM PECADOR

    O Sol lá no alto, nasce com todo o seu esplendor,
    Mas para antítese, e comédia eterna,
    E para o cúmulo que em mim governa,
    Minha alma, nada mais sente que desespero e dor…

    Vejo o céu mas ele perdeu a cor,
    Vejo um pássaro feliz,
    Mas nem por ele sinto amor…

    Estou preso à dor,
    Nem sequer me consigo mexer,
    E o vagaroso tempo me chicoteia…
    Ó morte, acaba com este viver!!!

    Mas agora me dou conta que…

    Brinquei na lama,
    Nela minha própria cova criei,
    E por ignorância e gosto pelo pecado
    Minha cabeça, sem escrúpulos, nela enfiei…

    Sou pior que qualquer outro desgraçado…
    Que não se controla, que não acorda, que não É,
    Que por inconsciência, e estupidez,
    Acaba sempre no Caminho borrando o pé!

    Não vejo nada, não vejo coisa alguma,
    Sabem porquê????
    Porque sou cego, ou então, porque,
    Não sou nada, não sou coisa nenhuma!!!

    Mas querem saber mesmo como me sinto????

    Sinto-me como uma gazela,
    Perdida na margem do rio Nilo,
    Que apesar de saber que havia perigo,
    Se atirou para a boca do crocodilo…

    Sinto falta do hálito do eterno
    Do silêncio, que dá amor e paz,
    Mas estou aqui perdido neste lugar ermo,
    Onde talvez ainda ninguém jaz…

    Sinto-me como um marinheiro, só… num barco
    Sem vela, sem mastro, ajoelhado no chão,
    Gritando na profunda noite,
    VENHA A MIM CAPITÃO!!!

    2172004

    PS: Gostava que mais gente escreve-se poemas, nem que fossem só umas amostras de poema, umas baboseiras em quadra com rimas, tipo os meus, rss
    A sério… tentem… se ficar mal não importa, se é por medo do que os outros possam pensar, que não fazemos as coisas, que raio estamos fazendo na gnose… não ter coragem de ser feliz é triste…..bem triste… e logo se é triste não pode ser feliz… rss (isto na minha terrinha é chamado a “lógica da batata” rss)

    mathia

    Postado em Aug 14 2004, 12:42 PM

    UM FILHO DO PECADO

    Nadei no mar de cor vermelha
    Senti o prazer, onde Deus não existe
    Pastei no pasto de todo o aselha
    Caminhei na terra onde a dor consiste

    Dei abrigo a todo o escuro
    Criei o lar de todo o nefasto
    Por isso vivo na dor do impuro
    E percebo que mais de Deus me afasto…

    Fundei um domicílio de ignorância
    Mas mesmo assim a razão tem lugar
    Mas a razão é amiga das trevas
    Valia mais com o coração pensar

    E moro aqui na pior estância
    Por ÓDIO ao EU SOU
    E agora anelo destruir
    Aquilo que nos separou

    No pecado nasci, mas estou cansado de todo o pecado
    Só tenho um querer que não é defeito, e a vós o vou ditar:
    Quero o EU SOU de volta pra poder MORRER descansado,
    Quero apenas Seus passos seguir e ao Seu Verbo viver enlaçado…

    2472004

    Silveira

    Postado em Aug 14 2004, 02:38 PM

    Ah! Bruno, não fale assim…

    O rio não deve ter vergonha se sua água é suja, pois alguém a sujou (o ego) nem se ufanar do doce sabor cristalino da pureza, pois sabe que vem da fonte misterioso ( o Real Ser). deve buscar tão somente essa fonte e ser feliz

    Que sublime poesia que nos faz retornar a ser crianças, aqui vai:

    KRIshna – kriSHNA

    Alegre pelos campos tocando tua flauta
    azul igual ao celeste firmamentos dos Devas
    com os olhos cintilantes qu’nem as estrelas
    observa os regatos e a cigarras a cantar
    sem se preocupar, sorridente, vai Krishna!

    Enquanto as Dakinis despreocupadas no Ganges
    se banham nuas mostrando todo seu esplendor
    o esperto larápio surrupia suas roupas
    Desesperadas, elas saem a procurar
    e nos galhos a gargalhada revela o ladrão:

    KRISHNA – KRISHNA
    HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
    HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
    KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE

    Sua doutrina é tão fácil de aprender:
    de dia o menino observa as nuvens
    de noite ele conta todas os pingos
    que reluzem sob a teia escura da noite
    mas os eruditos nunca vão lhe compreender…

    O segredo da sabedoria e se transformar em criança
    eu sei que nós somos iguais, não esconda
    o teu sorriso se encontra com o meu
    na doce flauta sussurrada por Krishna
    junte suas as mãos as minhas e venha então voar:

    KRISHNA – KRISHNA
    HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
    HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
    KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE

    O mundo nunca irá se findar
    quando uma estrela apaga outra há de acender
    todos as carícias que o vento realizar
    em teus cabelos serei eu ! Serei eu!
    assim como o perfume das rosas será o teu Ser.

    Qu’importa o tempo, a distância,ou o labutar?
    Se um menino eu me transformei
    vedê, sou azul, minha flautas eu sopro
    com sete buracos: os meus sete chackras
    que toda a natura em alegria faz vibrar:

    KRISHNA – KRISHNA
    HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
    HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
    KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE

    KRISHNA !!!

    Silveira

    Postado em Aug 19 2004, 09:07 AM

    ANELO ÍNTIMO

    Anelo a força que se sustenta em minhas fraquezas
    o amor que se eleve dentro dos meus ódios
    os sonhos que me façam despertam um dia
    apenas um dia, antes da aurora primeira.

    Anelo ser os galhos que sobem aos céus
    que se apoiam nas raízes do inferno
    nas águas agitadas guiadas pela estrela
    farol oculto nas nuvens dos mares entre as sereias.

    No deserto onde a última gota secou
    anelo a fonte misteriosa do amor
    infinito que leva a muralha
    entre o que antes era e já não é mais desta raça.

    Os olhos calmos e límpidos dos astros
    onde está a seara do mundo: fértil e estéril
    viva e morta, alegre e triste, sútil e inútil
    vitória e derrota, Deus e Satã , homem e verme.

    É o amor, inexplicável, que me guia
    a busca, a procura, ao anelo, a senda
    antes todas as palavras, agora não mais nenhuma
    mas tu me compreendes, estremeces, buscas, e também …

    Luciano Moraes – ILUMINATTO

    Alissa1109

    Postado em Sep 3 2004, 08:33 AM

    Três Montanhas

    O acesso fechado em seu cúmulo
    Conta-se mais um segredo.
    Expelidos os primeiros feixes da primeira absorção;
    Nessas vias onde ninguém pisa, somente a virgindade.
    Nessas salas onde não respondem, exceto o seu
    Silêncio.
    Caudas de um cometa aceso
    Para dentro; a luz e seus acessos.
    A Lua e seus acessos à metade – toda
    Um símbolo quieto – toda – um ciclope
    Dobrado no curso do seu olho único.
    Portas que se abrem nas cruzadas,
    Nos topos que não têm local.
    Cálices abertos, bordas: para dentro.

    A soltura é uma prisão,
    Que não conhece o seu território.
    Que a cera (a de Ícaro ) vem mesmo a derreter,
    Para sermos sóis na terra (e os raios que o transbordam,
    Sob a Luz da nossa lucidez),
    Estarmos próximos de nós.

    No apego reside a frustração e a insegurança.
    Na liberdade reside a felicidade plena.
    Na imensidão, a bem-aventurança de tudo o que,
    Por ser infinito, é sempre presente.

    Marceli Andresa Becker 🙂 :rolleyes:

    Marceli

    Postado em Sep 5 2004, 08:25 AM

    huh: Poema que Dá De Ombros

    Vêm em vão essas palavras. Sobras que,
    Tornam-se à sua sombra depois de traduzidas.
    Nos tempos, nunca precisei de bússolas.
    Os passos caminham conforme sua estirpe,
    Nas quadras da minha não-sabedoria.
    As pontes,
    E os relances que fogem meu cercado, avançam
    Como marés duma Lua de outra Terra.
    Nas sementes onde não pus a mão, restam
    As colheitas; parte centrada de Céu,
    No qual me dissolvo em instantes;
    Sob o véu de sua ordem.
    A Lei dos imensos não prevê o infinito;
    Traga o seu destino em plurais destinos; perde
    As suas cores num branco equivocado.
    Já não sei quem sou e quem pensava ser. Estas
    Senhas podem em qualquer cartão. Não disputo
    Com as forças simultâneas; o século transmite
    Suas réplicas; o século invoca o silêncio,
    Do verso que jamais sobe a tumba do coração.

    Marceli Andresa Becker

    Silveira

    Postado em Sep 6 2004, 10:30 AM

    Lindos poemas… Alissa, Marceli,Bruno…

    Um poema que dedico a Mel…

    A Mel.

    (inspirado no seu desenho- a Luz do Sol)

    A Luz do Sol brilha nos olhos de quem ama a Vida :
    no princípio, entre as folhas, digava e sussurra
    a ilusão e o sonho, a quimera e o desejo, eterno colóquio
    das asas das aves, que ora pousam, e que ora … voam.

    Os troncos das árvores, retorcidos pelo tempo
    revelam, em suas cascas que se quebram, insetos
    imperceptíveis, que sobem e descem
    transformando morte em vida, e vida em morte.

    Já fui jovem, homem, e também verme, mas já não sei quem sou
    me perco entre os cantos e os gorjeios e as brisas
    meus olhos buscam a beleza primeira
    e talvez dentro dela o espelho de minha face primeira.

    Agora, feito prisioneiro de meu próprio encantamento
    busco algo, talvez os teus olhos, e neles ver o espelho de quem eu sou…

    Alissa1109

    Postado em Sep 7 2004, 08:46 AM

    Luciano, Alissa1109 e Marceli são as mesmas gurias!
    Impressionante, né! Rs… A gente desafia a natureza ocupando o mesmo lugar no espaço… 😛

    União

    Mescla do contato ao coração e sua semente,
    Sobra de uma ponta da Estrela de Davi, no Céu
    Dos salmos.
    A letra que confunde com a voz, unifica-se
    Nela; trata com a música, o poema.
    Brinda o gesso no calor da forma,
    Deste mel que é conteúdo essencial.
    As linhas do coração, reescritas no idioma
    Atemporal, na mudez que bebe os símbolos
    Para dar-lhes um sentido.
    Eternamente vibra pelo feito.
    Eternamente deita ao horizonte nu,
    Sempre e quase novo, alegra.
    Ao está-lo todo, está.
    A ordem das cores é multicolorida; a
    Senhora das montanhas, a serra; pelo curso
    Do ato, soa a matéria com doçura.
    E nasce como morre, silenciosa; e
    Finca seu registro no correr dos anos, destes
    Braços que envolvem o segredo e o desvendam.
    Destes olhos que englobam a sua órbita,
    E se fecham para ver.

    Marceli Andresa Becker ou Alissa1109… Rss… Fim de tarde (como diria um amigo, “hora mágica”) de 06/09/2004
    Beijo para todos vocês, sejam felizes.

    Silveira

    Postado em Sep 7 2004, 06:58 PM

    Guria que vai fazer 18 anos no dia 11 09 suponho, rs

    Um abraço no seu coração e que a poesia sempre se expresse assim bela é pura

    Luciano

    Alissa1109

    Postado em Sep 8 2004, 09:34 AM

    Luciano, é verdade!
    Eu vou ter aniversssssssss Uêba!
    🙂
    Quem quiser me adicionar no messenger, se tiver festinha virtual, estão todos convidados! Hauhauhauha
    É só adicionar: [email protected]
    Hauhauhauhaua!
    Hehehehe
    Ihihihihih
    Hohohohoh
    😛
    Beijos procêis!
    Marceli

    Alissa1109

    Postado em Sep 9 2004, 09:23 PM

    Antes da poesia, mantra para que a gente se encha de ternura,
    De afeto, carinho…
    A doçura acalma as feras.

    “Nanda Dulal Yadu Nanda Dulal
    Vrindavana Govinda Gopal
    Radha-Madhava Dina Dayal (bis)
    Vrindavana Govinda Gopal”

    (“Madhava” – Doce como o mel e a primavera)
    Este mantra invoca a misericórdia de Deus.

    Agora o poema 🙂

    Amor

    Ao que se entra o meu amor, o meu
    Suspiro, ao que se engole. Sábios os
    Pilares deste templo em suas vontades
    De eternamente sustentar a cúpula.
    Ao que se sorve o meu amor, não
    Se consegue; vibra-se na soma de
    Uma nota em paz, e perdurada.
    Que me alargo nessa linha desfiada,
    Que confia na forma do abstrato.
    Amor, princípio vivo de todas as
    Virgindades; sobras de dom, na
    Manifestação sutil do clímax
    Ao recriar.
    O encontro da obra e seu artista é
    Tanto o seu espelho quanto o seu
    Narciso; mas nas gravidades do bem,
    Sobem luzes para réstias delas
    Mesmas, sempre ao Alto. Pelas
    Senhas do imortal enredoé que
    Transmito os meus segredos. Descobri-los,
    Desnudá-los ao vento que se dividiu em
    Dois, e reencontra.
    E tudo o quando cria um laço é o seu
    E o seu, novamente; há brisas que bebem
    De dois ares seguidos, há espelhos que refletem
    A mágica irrefléxil.
    Amor, amor, sobreposição dos eixos; causa
    Conseqüência e continente sem lugar.
    Pétalas que brindam a supra sensação do senso.
    Todo que se ensaia no detalhe,
    O sempre que se modifica.

    Marceli Andresa Becker

    Silveira

    Postado em Sep 18 2004, 04:54 PM

    Belo poema, Alissa, este aqui vai de uma conversa com uma aluna minha…

    Imaginas…

    Para um mesmo pôr-do- sol inúmeros olhares convergem
    buscando o significado íntimo de minh’arte
    na praça, a moeda de 1976
    com o sol que brilha, argênteo
    e o mistério da sensibilidade que se encerra
    no menino
    e na menina
    brincando de construir castelos na areia sem se preocupar com o fim do dia.

    Diria
    meu amigo amante da filosofia
    “Este terceiro olho vê a praia
    a mulher que sai da água sozinho,
    triste e solitária,
    já estes andam juntos
    estes também (as crianças)
    e aqui (o barco) está o velejador
    amante do sol, vai em sua busca”

    “Ah… cada um vê de uma forma!!!”

    “Sim! Não fiques surpresa
    pois é espelho, e nunca se esgota
    esta arte, este imaginar, esta viagem
    singrando os mares da própria existência”

    “Maravilho, e só por isso, se recria
    na imaginação, tudo, e a si mesmo revela
    na alegria do que antes estava adormecido”

    “Portanto, imaginas, somente isto
    faz se plena realidade o que era antes
    fantasia”

    visitante

    Postado em Sep 25 2004, 02:52 PM

    Deles

    De João, o Verbo; de Rilke, a vivacidade
    De Dante a Eloquência; de Samael a Ubiquidade
    As vogais de Tiago; As consoantes de Patar
    A Altura dos Andes; A Profundidade dos Mares

    De Lullo a Alquimia; De Ramana a Seidade
    Rabolu e Rebeldia; Zaratustra e Estandarte
    De Adoum a Medicina; de ‘El Greco’ a suma Arte
    De Kant, Filosofia; vinho, pão e erva-mate.

    Mas, se em tudo, miro a possibilidade
    Recordo: é do pó que venho e do pecado que me pejo
    Deus de minha vida, fortalecei minha vontade
    Pois a liberdade almejo.

    visitante

    Postado em Sep 25 2004, 03:03 PM

    Prece dos Corpos

    Enlaço-te e miro o aceno
    do pavio tímido da vela
    que treme
    tendo a Meia-luz como albornoz.

    E entoamos em coro, sussurramos.
    Há unidade nas palavras ígneas.
    O amor dá origem à devoção.

    Até no suspiro, uma oração, disse um Mestre.
    Seja o nosso destino Orar.

    Os corpos absorvem-se
    e com um amém principiamos
    o que permanecerá, pela eternidade, como testemunha dos séculos.

    São curtas as frases, dos corpos, em procissão conjunta,
    ferrenha,
    deixai-os amar.

    Tocando as mãos o espaldar do tronco,
    legitimando a prece em tempo, e ter no feminino
    o encontro viril,
    ameno.

    Rosa azul

    Postado em Sep 26 2004, 01:31 AM

    ♥ ♥ ♥ Logo ali tão distante.

    O que busco, o que sinto,está logo ali
    Logo ali tão distante
    No tarô das estrelas
    No escuro do cinema
    Na janela mais brilhante: a tela
    Logo ali tão distante
    No zoom da floresta
    Na conversa dos passantes
    Busco a essência das coisas
    O suco do sumo do cerne
    O som que ninguém vê
    A cor que ninguém ouve
    O que busco e o que sinto
    Está logo ali
    Logo ali tão distante
    Atrás das arvores
    Descendo o rio bailante
    Num quadro de Dali
    Salvador e farsante
    Voa no tapete persa
    No vapor que me resta
    No tudo ou no nada
    No meio do antes.
    O que busco, o que sinto?
    Está logo ali
    Logo ali tão distante

    ♥ ♥ ♥

    :rolleyes:

    Silveira

    Postado em Sep 27 2004, 01:02 AM

    ou .. tão perto?

    no coração de cada ser…

    PAZ LUZ AMOR

    visitante

    Postado em Oct 17 2004, 09:25 PM
    CRISTO CRUCIFICADO

    Não me movimenta, meu Deus, para querer-te
    o céu que me havias prometido;
    nem me movimenta o inferno tão temido
    para deixar por isso de ofender-te.

    Tu me movimentas, Senhor! Movimenta-me ao ver-te
    cravado em uma cruz e escarnecido!
    Movimenta-me o ver o teu corpo tão ferido.
    Movimenta-me tuas afrontas e tua morte.

    Movimenta-me, enfim, teu amor de tal maneira
    que, ainda que não houvesse céu, eu te amaria
    e, ainda que não houvesse inferno te temeria

    Não tens que dar-me nada porque te amo,
    porque, ainda enquanto espero não esperaria,
    o mesmo que te amo te amaria.

    Anônimo, século XVI

    Orfeu

    Postado em Oct 27 2004, 02:08 PM

    ma acho que fala um pouco sobre a nossa pluralidade psicológica… reflexões da nossa poetisa Cecília Meireles!

    Auto-retrato

    Se me contemplo,
    tantas me vejo,
    que não entendo
    quem sou, no tempo
    do pensamento.

    Vou desprendendo
    elos que tenho,
    alças, enredos…

    Formas, desenho
    que tive, e esqueço!
    Falas, desejo
    e movimento
    — a que tremendo,
    vago segredo
    ides, sem medo?!

    Sombras conheço:
    não lhes ordeno.
    Como precedo
    meu sonho inteiro,
    e após me perco,
    sem mais governo?!

    Nem me lamento
    nem esmoreço:
    no meu silêncio
    há esforço e gênio
    e suave exemplo
    de mais silêncio.

    Não permaneço.
    Cada momento
    é meu e alheio.
    Meu sangue deixo,
    breve e surpreso,
    em cada veio
    semeado e isento.

    Meu campo, afeito
    à mão do vento,
    é alto e sereno:
    Amor. Desprezo.

    Assim compreendo
    o meu perfeito
    acabamento.

    Múltipla, venço
    este tormento
    do mundo eterno
    que em mim carrego:
    e, una, contemplo
    o jogo inquieto
    em que padeço.

    E recupero
    o meu alento
    e assim vou sendo.

    Ah, como dentro
    de um prisioneiro
    há espaço e jeito
    para esse apego
    a um deus supremo,
    e o acerbo intento
    do seu concerto
    com a morte, o erro…

    ( voltas do tempo
    — sabido e aceito —
    do seu desterro…)

    mathia

    Postado em Nov 3 2004, 10:20 AM

    Se estão à espera de ler algo agradável eou bonito ou coisa do género, escolham outro poema rss

    Eu Sou

    Brisa de outros tempos
    Tão pouco sentida.
    És mais velha que o mundo
    Já quase foste esquecida!!!

    Vida já remota,
    Que existes na inexistência,
    Maré de mar perdido,
    Tu mereces reverência!!!

    Suspiro profundo,
    Tu És o Espaço,
    Lareira aconchegante,
    Ó Força de Aço!

    Pedra Erguida,
    Alta e possante,
    Extensa ferida,
    Sempre ressonante!

    Porta aberta,
    Amor sem limites,
    Furacão arrebatador,
    Deste mundo de imundices!

    Talvez de Ti alguém se lembre,
    Num leve acordar……
    Bendito seja o renascido,
    Ninguém o pode matar….

    Bruno Cardoso

    Auryg

    Postado em Nov 5 2004, 03:03 PM

    Não tem nada de mais no seu poema não, Bruno. Está ótimo.

    Nas trilhas da memória

    Sopra a brisa da lembrança;
    repleto o peito de saudade
    profunda, só danço a dança
    celeste no palco da humanidade

    Pensamentos surgem dos tempos
    Dos tempos idos, dos muitos ciclos
    pelos quais passei; e eu digo aos ventos
    todos os lentos intentos que já forjei

    Breves ilusões de dias longos,
    que correram em sonhos, corriam
    as areias da ampulheta e em prantos
    se deitava a luz nos cantos do entardecer

    E a brisa soprava, rugia, chorava
    seus lamentos perenes, as dores eternas
    das horas tão velhas e vãs e severas
    se apagando das lembranças das eras

    Permanece a mudança, e rodam as trancas
    do destino; na minha alma as tantas andanças,
    as lições de esperança, o pêndulo que balança
    me ensinam que ao ontem jamais voltarei

    Em quantas trevas já não andei,
    em quantos fogos já não queimei,
    em quantas vidas jamais olhei
    o sol brilhante que se erguia rei?

    As bolhas da memória que deslizam
    suaves, audazes, fatais; as visões
    que se escurecem mais e mais; limpam
    a cor da minha face e me tragam ao nunca mais

    Minha vida é aprender, é sofrer, é viver
    de passo em passo; minha sina é não ver,
    é cair em mil buracos; a água pura encharca
    meu rosto: devo abandonar o passado

    À frente mil perigos me esperam;
    Às costas mil lições me esperavam;
    No coração as luzes que encerram
    a vontade, e o passo que encerravam

    (cont.)

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