O país psicológico

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Interiormente, temos uma verdadeira e caótica Babilônia.
Lutando incessantemente com a Morte
Psicológica, devemos destruí-la para que surja,
dentro de nós, a Jerusalém Celestial. (Samael Aun Weor)

Vamos compreender melhor nossa psique e sua organização para aclarar alguns pontos sobre o autoconhecimento.

Podemos comparar a nossa psicologia a um país ou cidade, nos quais vivemos apenas em um pequena parte. Conhecemos apenas um pouco, o lugar onde vivemos, e de passagem alguns outros lugares, mas os não conhecemos profundamente. O mesmo ocorre com nossa psicologia, vivemos apenas numa pequena parte de nós mesmos. Conhecemos apenas uma pequena parte de nossa psicologia.

Dentro de nossa psique vivem muitos eus, e em nossa mente temos muitas coisas que não conhecemos. Esses eus, alguns deles atuam diariamente, e nós percebemos, sabemos da existência deles, e dizemos, eu sou muito irado, sou muito ciumento, sou muito orgulhoso.

Mas existem outros eus que atuam diariamente em nós e nós nem suspeitamos. Muitas vezes, sentimos luxúria por alguma pessoa próxima de forma sutil e nem percebemos que é luxúria, pois não nos auto-observamos.

Às vezes somos extremamente orgulhosos, vaidosos, e nem nos damos conta. Esses defeitos às vezes são notados por outras pessoas, que nos dizem sobre eles, e nos espantamos quando ouvimos alguém dizer: você foi muito cruel com aquela pessoa etc.

Os eus psicológicos são como pessoas que passamos por elas nas cidades, e não as conhecemos apesar de vê-las todos os dias. Esses eus que formam nossa psique, de orgulho, inveja, cobiça, luxúria, vaidade, ora andam em grupos, ou melhor, atuam em grupos, ora atuam em total contradição com outros eus, é por isso que muitas vezes dizemos uma coisa, queremos uma coisa, e outros eus querem outras, uns eus querem casar, outros comprar uma moto.

Existem também eus que nem suspeitamos de sua existência, que não atuam em nós se não muito sutilmente, e não percebemos essas manifestações. São eus que escondemos de nós mesmos através da repressão e de uma falsa educação social. Eus do roubo, do homicídio, do homossexualismo…

O que se diria de uma dama muito honrada com muitos eus da prostituição dentro de si, e apesar das circunstâncias serem inadequadas para a expressão desse eu, ele pode existir no fundo da psique dessa dama.

Um homem que jura honestidade, um pai de família, pode ter lá dentro de seu subconsciente eus do roubo e do homicídio, criados em vidas passadas. Uma pessoa religiosa e pacífica pode ter dentro de si vários eus do assassinato e da violência, e não sabe, ignora.

Esses eus às vezes atuam em sutis pensamentos, em sonhos, porém não os percebemos. Temos sonhos terríveis, onde os eus se manifestam, pois estão reprimidos pela nossa moral e nossos condicionamentos.

Quando não nos simpatizamos com alguém, quando surge aquela antipatia mecânica, devemos ficar atentos, pois pode ser um eu que vemos no outro, mas o temos de sobra dentro de nós. Por isso, não devemos julgar ninguém.

Dentro desse grande país psicológico em que vivemos, cada um desses eus carrega dentro uma partícula de nossa Consciência, de nossa Essência.

Dentro do nosso país psicológico temos também muitas formas mentais. Essas formas mentais são chamadas representações mentais, ou efígies mentais.

As Efígies Mentais

As efígies são formas mentais que existem dentro de nossa mente, de nosso Mundo Mental. Essas formas mentais existem de fato, e são o retrato do que vemos aqui no mundo físico. Toda forma que vemos, e reproduzimos com a fantasia, com a imaginação mecânica, forma uma representação mental.

Por exemplo, se olhamos uma revista, vemos a foto de uma bela mulher e nos identificamos com sua imagem, esta fica gravada. Se nós fantasiamos algo, fica a imagem como uma forma mental, e quando estamos no mundo astral, durante o sono noturno, podemos projetar, exteriorizar, essa forma, tomá-la como real, fazendo com ela ações como se fosse uma pessoa real, no plano astral.

O ego é que cria essas formas e as usa para projetar seus desejos e fantasias. Por exemplo, vemos uma casa em um filme, ou uma viagem, e nos identificamos. Dias depois podemos ficar pensando: Quando eu for rico, terei uma casa daquelas etc. Aí o eu projeta a forma mental e nos sentimos dentro dessa casa desejada.

Existem milhares de efígies dentro de nossa mente. As efígies não aprisionam a Essência, apenas condicionam a mente, alimentam o ego e adormecem mais a Consciência.

As formas mentais são feitas pelo tempo. Se rogamos à nossa Divina Mãe Kundalini e rogamos que Ela com sua potência eletrossexual dissolva as Efígies Mentais, Ela assim o fará. De nossa parte devemos não nos identificar com as imagens mentais, sonoras, olfativas etc., para não darmos material psíquico para o Ego para que ele se utilize delas no mundo astral. devemos nos esquecer delas, pois elas irão desaparecendo como recordações perdidas, e dissolvidas com o Poder de Kundalini Shakti

Devemos alertar ao estudante gnóstico que algumas das Efígies Mentais são tão fortes que retornam conosco de uma encarnação para a outra.

Se vamos a um bar e nos identificamos com ele, num dia qualquer o Eu do Álcool pode nos lembrar do bar, através de alguma forma mental “agradável”, naquele momento em que nos divertimos bastante naquele bar, com gente alegre, rindo e dançando (tudo isso formando uma única Efígie Mental), e aí seremos levados ao bar no mundo físico.

O eu da luxúria usa imagens eróticas para nos levar à fornicação e se alimentar e fortalecer dentro de nós por meio das fantasias sexuais criadas pelos sites pornôs, revistas eróticas, novelas onde proliferam cenas de nudez etc., tão famosas hoje em dia.

O ego usa as formas mentais para se expressar. Devemos ir eliminando as formas mentais de momento a momento, com a morte-em-marcha, com toda e qualquer imagem ou lembrança. É por isso que o estado contínuo de auto-observação e recordação de nossa Missão Psicológica é de vital improtância.

Para entendermos melhor o que são as Imagens, ou Efígies, Mentais. Quando nos mencionam por exemplo o nome de alguma pessoa que não víamos há 10 anos, vem-nos à memória a imagem mental dela de quando a vimos pela última vez.

Nós imaginamos logo aquela pessoa, porém quando a reencontramos, notamos que ela mudou totalmente, seja fisicamente, seja de outra maneira. Isso significa o quê? Que a Imagem Mental que guardávamos dela não era mais real, que nós guardamos uma Efígie Mental totalmente “desatualizada”.

O grande teatrólogo George Bernard Shaw dizia que o único homem sábio que ele conheceu em sua vida foi seu alfaiate. Isso porque todas as vezes que ele ia visitá-lo para comprar um terno, o alfaiate sempre tirava suas medidas.

Ao contrário das outras pessoas, as quais têm uma Impressão de uma pessoa e continuam tendo a mesmíssima impressão por toda a sua vida, não tendo consciência de que as pessoas, as coisas, os fatos da vida mudam a cada segundo.

As formas mentais engarrafam a mente e não a Essência, nos tornam mais adormecidos, fortalecendo o Ego.

Para não mais criar formas mentais, temos de Transformar as Impressões, que nos chegam pelos cinco sentidos. Devemos transformar as impressões com as quais nos identificamos. Estejamos alertas, a auto-observação e a morte-em-marcha com a Oração à Mãe Divina são vitais nas transformações das impressões.

Quem não se auto-observa e não está alerta, acordado, lúcido durante toda a vida, a cada instante, a cada momento de seu dia-a-dia, não pode transformar impressões.

Objetos de Desejo

Devemos colocar a “técnica da dualidade” sobre aquela impressão e chegar, mediante a Reflexão Serena e Lúcida, a uma síntese, usando a meditação e a imaginação criadora. Ver os pólos negativo e positivo de tudo, para não ir aos extremos que o Ego sempre nos conduz.

Por exemplo, se vemos uma pessoa bela e sensual, nós a imaginamos velha, doente e decrépita, e reflexionemos que aquela beleza não nos leva a nada, não altera nada, não nos conduz a nada, e que a única coisa bela realmente de se admirar nessa pessoa é sua Essência Divina, pois ela é também filha de Deus, e merece nosso respeito como ser humano e divino.

Se vemos um carro de luxo, coloquemos ao seu lado (mentalmente) um fusquinha velho. E agora? Os dois são de metal, sujeitos ao tempo e a acidentes, têm apenas o objetivo de nos levar para outros lugares, sendo que o de luxo é caro, cobiçado e invejado por muitos, pode ser roubado, exige muito sacrifício para obter e manter um.

Mas esse carro de luxo também tem seu lado positivo, que é o conforto, uma maior segurança etc. Portanto, um carro é simplesmente um objeto utilitário, que serve para nos ajudar em nossa vida, e nada mais. Então, por que ficar sonhando e se identificando? Temos de ver as coisas como realmente são, e não como objetos que servem de alimento para o Ego!

Devemos transformar as impressões ruins, negativas, tristes, de doenças, falta de dinheiro, problemas diversos, e ver que tudo isso tem um outro lado, que também está sujeito ao tempo e que tudo passa, e que devemos tirar um máximo proveito das adversidades da vida para crescermos interna e externamente em todos os aspectos.

Devemos sempre nos lembrar do famoso ideograma chinês que representa a palavra “crise”. Esse mesmo ideograma também representa a palavra “oportunidade”.

Nosso país psicológico é a Babilônia Interior que carregamos, a mãe de todas as fornicações e abominações, como nos diz simbolicamente a Bíblia. Um Mestre não possui país psicológico.

Devemos eliminar a Babilônia Interior e criar a Jerusalém Celestial, os Corpos Existenciais do Ser, onde devem morar unicamente as Virtudes e Potenciais psicológicos e divinos dentro de nós.

Quem não transforma as impressões não pode chegar nunca à castidade, à santidade, à seriedade espiritual e à UNIDADE DA VIDA, pois alimenta muito o Ego, que é o conjunto de desequilíbrios e defeitos dentro de nós.

Lembre-se sempre: Primeiro a morte-em-marcha implorando auxílio e Compreensão à Mãe Divina, e em seguida a Transformação das Impressões conforme explicamos acima.

O ideograma chinês para “crise” é a combinação de dois símbolos. Um significando “perigo”, o outro pode ser traduzido como “oportunidade”. Ou seja, apesar da crise, riscos e ameaças, podemos estar diante de uma grande oportunidade para crescermos interna e externamente.

Em vez da ênfase excessiva em teorias medíocres, no excesso de autocrítica, autoflagelação ou justificativas errôneas para as situações diversas de nossa vida, talvez pudéssemos aproveitar as oportunidades da vida para buscarmos uma identidade psicológica que seja condizente com nosso Real e Verdadeiro Ser. Assim ensina a Doutrina Gnóstica da Liberação Psicológica!!!

Ali Onaissi (Jornalista, escritor e coordenador do portal GnosisOnline)

8 COMENTÁRIOS

  1. Excelente texto! Muito bom! A Mestra H.P.B. já sugeria a morte do ego, mas eu jamais saberia COMO, não fosse este site, através do qual conheci a Gnose e o grandioso trabalho do Mestre Samael Aun Weor! Por isso, vos agradeço imensamente! Fazem um excelente trabalho à serviço da humanidade!

  2. Uma coisa é transformar impressões ao ver uma mulher atraente.
    mas como fazer para transformar essas impressões quando elas agem no centro sexual, ou seja, quando passamos a sentir desejo sexual pela mulher?

  3. Cuidado! quando for matar o ego, não é tão facil como parece,
    muitos matam o que pregam e não que realmente são.
    Para se conseguir matar alguns de nos egos , vai-se muito tempo ate anos, então comece pelos que não são importantes no nosso dia a dia por que desta maneira conseguimos perceber esta transformação.Muitas pessoas utiliza esta prática,
    erroneamente, e ao inés de matar seu ego o alimenta mas e mas.

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